quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

A minha vida de Ostomizado - Parte 4

Como estava a dizer no último post, a minha vida ia indo normal depois do ultimo internamento em Março, ia fazendo a minha vida, estando com a minha namorada (actualmente ex), fazendo as minhas viagens ao fim de semana ao Algarve, quando não ia lá vinha ela cá, íamos passear. A minha mãe cada vez que me ligava quando estava ausente era sempre para perguntar como estava, se tinha urinado muito, como estavam os débitos, o que já me chateava um pouco, mas pronto.

Ia indo as coisas mais ou menos, a minha namorada decidiu tirar uns dias de férias em Maio e eu falei com os médicos acerca de ir fazer uma viagem com ela, o que eles aprovaram e incentivaram pois ia-me fazer bem e claro alertaram sempre para ter cuidados, cuidados esses que sempre tive mesmo quando não me diziam nada nesse sentido. Decidimos então ir fazer uma viagem pelo Norte do pais, fizemos os planos todos com paragem em Peniche, Fátima, Braga, Porto, Ericeira e havia mais um ou outro sitio pelo meio que não lembrava, no fundo íamos estar sempre um dia ou dois em cada sitio. Tudo corria pelo melhor em Peniche, depois em Fátima, onde comecei a sentir-me constipado e fui à farmácia pedir comprar algo como antigripine ou coisa assim. O farmacêutico lá me aconselhou outras coisas para tomar e eu trouxe. No dia seguinte, seguimos para Braga, chegados lá, fomos ao hotel pôr as malas e fomos comer e passear um pouco pela cidade, estava um dia de chuva. Fomos ao santuário do Bom Jesus, onde decidimos apanhar o teleférico, e comigo ia estando tudo bem, não sentia cansaço, nada. Ia comendo e bebendo aos poucos. Os meus sintomas gripais também se encontravam melhor, até que chegou hora de irmos jantar e fomos ao restaurante do Pingo Doce no Centro Comercial Braga Parque. Depois de termos escolhido o que comer e enquanto esperávamos, observávamos uma bebé muito engraçada que estava à nossa frente. Quando de repente apaguei, segundo o que a minha namorada me contou e pelo que uma enfermeira que lá estava e que ajudou a me socorrer depois de eu cair no chão duro e direito, foi que tive uma convulsão. Pois pelo que parece quando cai no chão comecei a tremer como se tivesse epilepsia, doença que nunca tive e pelo que parece também não, pois deve ter sido um caso isolado segundo me disse uma médica neurologista que acabei por consultar mais tarde.

Quando cai no chão, cai direito e de frente, acabei por partir 3 dentes da frente e ferir o meu lábio e queixo que depois no hospital fui cosido. Demorei algum tempo a vir a mim, pois acho que quando comecei a vir a mim os bombeiros já estavam ao pé, eu ainda não estava em mim, pois lembro-me de ver as coisas muitos escuras à minha volta e não me lembro de ver feições das pessoas que me rodeavam, eu fazia uma força bruta para me levantar e seguir como se nada tivesse acontecido, mas nunca me deixaram. A fim de um bocado fui para a ambulância e só me recordo de ver as luzes azuis cá fora, e lembro-me de ter entrado na ambulância  mas não faço ideia se seria uma das ambulâncias amarelas do INEM ou seria uma normal dos bombeiros. Mas pelo que me lembro só tenho a dizer para já e pelo que me lembro das pessoas que me ajudaram naquele momento. Não tenho ideia de ter entrado no hospital, nem te ter sido inicialmente observado pelos médicos. A única coisa que me lembro e foi quando comecei a vir mesmo a mim estava na sala de TAC, a efectuar o exame, pois de resto só me lembro de vozes e nada de imagens. E assim passei lá a noite em observação, a soro e sem comer nada, os exames não detectaram nada. No dia seguinte lá me deram alta, estava muito abanado e com a boca feita num oito, ficamos mais esse dia em Braga mas já não chegamos a passear e no dia seguinte regressamos a Lisboa. Com todos os dados que tinha mostrei aos médicos mas nenhum deles conseguiu perceber o porquê de me ter dado aquilo, os médicos que me seguiam no hospital nem ligaram muito à coisa, apenas um ou outro ainda tentou perceber alguma coisa, mas o que devia ter mais cuidado pois seria ele o médico responsável por mim acabou por ligar pouco.

Ainda fui fazer um exame especifico, um electroencefalograma para ver se havia alguma alteração na parte de eléctrica do meu cérebro, mas este acabou por dar tudo normal. E continuei a seguir a minha vida normal com os cuidados que deveria ter como sempre, por vezes tinha um desmaio ou tontura mais forte, isto sempre muito relacionado a um estado de desidratação em que estaria a entrar e com a falta de algum iões no corpo, como o potássio ou magnésio, mas nesse período não tive qualquer internamento ou mesmo cuidados em casa por parte da enfermagem, pois mais uma vez os médicos achavam que não era necessário.

Ia fazendo análises e em finais de Junho, fui mais duas semanas para França, pois tinha um casamento e baptizado de uns primos, e a minha namorada foi comigo, aproveitou-se para ela conhecer um pouco de Paris pois nunca tinha lá ido. Os médicos em busca de uma opinião mais uma vez não levantaram objecção e insistiram que seria bom para mim ir nesta viagem. Enquanto lá estive por vezes sentia-me cansado, havia dias um bocado cansativos e por vezes tinha que ficar um dia em casa a descansar para recuperar um pouco. A minha ileostomia estava um pouco funcional e muito liquido, mas seria sempre normal, ou pelo menos justificável pois a alimentação por muito cuidados que tivesse por vezes é complicado sermos totalmente cumpridores, mas não houve grandes problemas. Depois do regresso pensei que conseguisse controlar um pouco melhor a ileostomia, e um dia fui fazer a minhas análises de controlo, como sempre fazia basicamente de 15 em 15 dias. E qual não foi a surpresa quando foi verificado que a minha creatinina estava alta, e os médicos acabaram por me internar de imediato para procurar desidratar mais e controlar a creatinina para evitar problemas nos rins. Mais uma semana de internamento, e apesar de o valor da creatinina estar um pouco elevado decidiram me enviar para casa e com ordem para ir ao fim de uns dias fazer análises. E assim foi, fui fazer análises e acabei por ter que fazer soro nas urgências e isso voltou a acontecer a semana a seguir a pedido dos médicos. Com a continuação desta rotina, falei com os médicos se não seria melhor fazer os soros em casa com os cuidados continuados e assim eles trataram do assunto para ser mais fácil e mais controlável toda esta situação. E assim foi os cuidados continuados começaram a vir cá a casa de dois em dois dias para eu fazer soros durante o período na noite.



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