quarta-feira, 19 de setembro de 2012

A minha vida como ostomizado


Tenho 34 anos e venho apresentar a minha história como uma pessoa ostomizada, a minha namorada, ou melhor ex-namorada, insistiu muito para que eu começasse a escrever aqui a minha experiência para compartilhar com outras pessoas que possam estar na mesma situação e podermos ajudarmo-nos mutuamente com conselhos e com as nossas experiências. Desde já quero lhe agradecer todo o apoio que ela me deu, pois ela pensa que não lhe dou valor, mas isso é mentira, tenho-a em grande estima e continua a gostar muito dela, mas várias situações não permitem que neste momento estejamos juntos, mas espero contar com o apoio dela no futuro.

Tudo começou quando me foi diagnosticado Polipose Familiar, isto depois de ter sido diagnosticado também à minha mãe. Estávamos no ano de 2009 e já tinha feito pelo menos uma colonoscopia onde me tinham retirado alguns pólipos para análise, e no momento eram todos benignos com uma forte probabilidade de degeneram e tornarem-se em cancro. Na altura já tinha alguns, acima da média que seria de esperar para a minha idade. Até ser operado em 2010 fiz várias colonoscopias de 6 em 6 meses, onde me iam sempre retirando vários pólipos para análise e notava-se que eles estavam a desenvolver-se aparecendo em número acima do média, pelo que me é aconselhado a ser operado de forma a retirar o cólon e assim mais facilmente conseguir controlar o crescimento de pólipos e reduzir a possibilidade de contrair um cancro. Pois, poderia se desenvolver algum pólipo na zona das curvas do intestino ou mesmo nas pregas do intestino e assim não serem detectados, pois a colonoscopia não +e um exame 100% seguro na detecção de pólipos devia ao tubo ainda ter uma certa dureza.

Foi então em finais de Agosto de 2010 que sou operado para retirar o cólon. A operação até correu bem, isto dito pelo cirurgião, os problemas começaram depois no pós-operatório. Passadas pouco mais de 48 horas deu-me uma dor tão forte na barriga que tiveram que me fazer um TAC e foi detectado uma pancreatite, começou a ser tratada e em pouco tempo ficou bem, mas os resultados das minhas análises e estas nunca foram muito constantes. Como não havia sinais de melhoria passadas cerca de 3 semanas foi fazer mais exames e foi detectado que a anastomose não estava bem e tinha uma infecção, para além das análises nada indicava que pudesse ter uma infecção pois eu não tinha sinais nenhuns, nem cheguei a fazer febre.
Solução para tratar esta operação tinha que ir novamente ao bloco para desfazerem a anastomose e colocarem o saco, foi uma operação que durou cerca de 4 horas pois a infecção era muito grande e já extensa devido a não ter sido possível detectá-la nos TACs pois ela conseguiu sempre se esconder atrás de outros órgãos. Tive que ficar 3 dias com barriga aberta e ao fim desses dias, nova ida ao bloco para ver se ainda haveria sinais da infecção e felizmente já não havia e poderam encerrar. A partir desse momento começou a minha nova vida como uma pessoa ostomizada. A adaptação à ileostomia até correu melhor do que eu pensava mas também não tinha outro remédio, isto porque quando me foi falado da curta probabilidade de ficar com saco eu não aceitava isso nem queria pensar em tal situação, Pois quando fiquei a saber que tinha mesmo que ficar com saco eu custei a mentalizar-me e fui para a operação sem estar mentalizado dessa situação e fartei-me de chorar com essa situação. Tal como já tinha dito depois de ter ficado com a ileostomia a minha recuperação começou e todos os dias comecei a sentir-me melhor, pois antes havia dias que me sentia melhor e outros pior.

Acabei por ter alta praticamente 2 meses depois de ter sido internado e depois de mais um mês de baixa em casa, tive ordem para regressar ao trabalho e tentar fazer a minha vida o mais normal possível e estava a conseguir, pois já conseguia comer de tudo e sem grandes limitações na alimenteção. Tinha-me sido dito pelos cirurgiões que teria que ficar com o saco 6 a 12 meses no mínimo antes de tentar fazer a reconstrução.  E assim foi, durante esse tempo continuei a fazer as coloncoscopia, isto é, reto colonoscopia para ser mais acertado. Não tive qualquer sinal de pólipos durante esse tempo.

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